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terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Diabetes gestacional


De acordo com estudo realizado pelo Ministério da Saúde publicado hoje, a diabetes mata cada vez mais no Brasil. Em 9 anos, a taxa de mortalidade pela doença cresceu 10%. Além disso, dados brasileiros do grupo de estudos do diabetes na gestação revelam uma prevalência de 7,6% de diabetes gestacional nas mulheres brasileiras. Ou seja, mamães, cuidem-se!!!

Esta é uma doença grave e, a maioria das pessoas não dá importância por ela ser silenciosa e apresentar sintomas aparentemente sutis. Eu tive diabetes gestacional e o tratamento foi fundamental para que a Amelie nascesse com saúde. No entanto, mesmo após o parto, continuo com um quadro pré-diabético. Ou seja, se eu não continuar me cuidando, corro um risco enorme de adoecer de vez. 

Assim que eu soube que estava com diabetes, procurei uma endocrinologista. E no meu caso, fiquei com uma das melhores que eu conheço. A Alina Ribeiro Coutinho Feitosa é doutora em endocrinologia e metabologia pela USP, Coordenadora do ambulatório de Endocrinopatias na Gestação da Maternidade Prof. José Maria de Magalhães Neto da Bahia, em Salvador, e é Professora assistente da Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública.

Ela topou me dar uma entrevista para explicar os males desta doença na gravidez. Espero que as respostas sirvam de apoio às mães que estejam passando pelo problema e elucide todas as dúvidas que vocês possam ter sobre o assunto!

- O que é  Diabetes Gestacional?
É qualquer grau de intolerância à glicose (açúcar elevado no sangue), identificado durante a gestação e que desaparece após o parto.

- A mulher que apresenta essa doença tem, necessariamente, algum tipo de predisposição?
A maior parte delas, sim. A predisposição está relacionada aos fatores de risco da própria mulher que planeja ter filhos ou já está grávida: idade acima de 25 anos, história familiar de diabetes em parentes de primeiro grau, sobrepeso ou obesidade pré-gestacional, excessivo ganho de peso na gestação, diabetes gestacional em gravidez anterior, filhos nascidos com mais de 4kg, além de hábitos não saudáveis como falta de atividade física e alimentação rica em gorduras e carboidratos.

- Em que fase da gravidez ela é identificável?
Em qualquer fase. Em virtude dos hormônios que se elevam na gravidez, a partir da 20ª e principalmente da 24ª semana, a chance é maior de desenvolver diabetes gestacional. Recomenda-se rastrear, ou seja, procurar ativamente todas as mulheres através da avaliação da glicemia em jejum na primeira consulta e confirmação do diabetes por meio do testes da sobrecarga de 75 gramas. A glicemia de jejum acima de 85mg/dl indica necessidade de testes adicionais e avaliação médica.

- Como é o tratamento?
A terapia dietética é parte essencial do tratamento do diabetes na gestação. A alimentação deve ser saudável e balanceada e a dieta, individualizada e modificada conforme a fase de gravidez. Deve-se preferir os alimentos integrais, ricos em fibras, leite e derivados desnatados, legumes, verduras e frutas e as carnes devem ser as magras e os peixes. Evitar os carboidratos refinados e gorduras.  O adoçante artificial pode ser utilizado em lugar do açúcar, podendo ser consumido em quantidade moderada os adoçantes que contém sucralose, acessuframe e aspartame. O ganho de peso deve respeitar os limites recomendados pelo Instituto Nacional de Saúde (NIH) que baseia o ganho de peso de acordo como índice de massa corpórea (IMC) pré-gestacional.

A atividade física pode ser mantida ou iniciada na gestação, pois auxilia no controle do peso e das glicemias, além de deixar a gestante mais disposta. Exercícios de leve a moderada intensidade como caminhadas, hidroginástica e ginástica localizada apropriada devem ser estimuladas desde que não haja complicações obstétricas.

A maioria das portadoras de diabetes mellitus gestacional obterá controle glicêmico ideal com tratamento dietético (70 a 80%). As que não obtiverem controle ideal com as mudanças saudáveis do estilo de vida necessitarão de insulina para controle.

 
- Quais são os riscos para mãe e bebê caso NÃO seja feito tratamento?

Fetais
Mãe com diabetes gestacional
Malformações
morte
Morte fetal
Surgimento ou piora da retinopatia
Hipoglicemia
Surgimento ou piora da nefropatia
Hiperbilirrubinemia
Doença isquêmica cardíaca
Síndrome da angústia respiratória
Estados hiperglicêmicos agudos
Policitemia
Aumento da chance de parto cesariano
Hipocalcemia
Prematuridade
Macrossomia
Risco de hipoglicemia
Crescimento intra-uterino retardado
Doença hipertensiva específica da gestação
Parto cesário

Internação em UTI

Trauma ao nascimento

Aumento de risco de diabetes no futuro

Hipoglicemia






























 



- É recomendável procurar a ajuda de um endocrinologista?
Sim. O endocrinologista é o médico especialista em problemas metabólicos como o diabetes. Ele poderá identificar, tratar e controlar os desarranjos metabólicos durante a gravidez. É importante haver um trabalho de equipe – endocrinologista, nutricionista e obstetra para a melhor assistência. 

É recomendável que mulheres que pretendam engravidar façam uma avaliação endócrina e metabólica para a preparação para este momento tão importante da vida. Esta avaliação é chamada de plano pré-concepcional.
 
- Como proceder após o parto? A diabetes some de vez?
Após o parto a mamãe deve manter os mesmos cuidados com a alimentação e atividade física que teve durante a gestação. É necessário ingerir cálcio por suplementos ou alimentação e tomar sol em horário saudável para fortalecer os ossos durante a amamentação. Também é importante retornar ao peso pré-gestacional em 6 a 12 semanas e, em caso de permanência de sobrepeso, perder adicionalmente 5 a 7% do peso e conservar a perda para prevenir doenças.

 A maioria das gestantes que teve diabetes gestacional terá suas glicemias normalizadas após o parto, principalmente aquelas que foram tratadas com dieta. Entretanto a mulher que desenvolve diabetes gestacional tem maior risco de desenvolver diabetes  no futuro.  O risco é variável, em torno de 38 a 100% nos primeiros 5 anos, com decaimento lento nos  5 anos seguintes. A chance de recorrência do diabetes gestacional em próxima gravidez é 30 a 84%.

A mamãe e seu médico devem estar alertas a respeito dos riscos de diabetes no futuro. Por isso, deve ser feito o teste  de tolerância à glicose oral com 75g com 6 a 12 semanas após o parto, repetindo-o anualmente ou a cada 2 anos.





2 comentários:

  1. Mto educativo o post...ameeeeeei!
    Bjsss
    Tati

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  2. Muito boa matéria, Zi. Super importante o seu alerta, porque muitas mães realmente não dão a devida importância a este assunto. bjo
    Paloma e Isa

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