Nos últimos dias eu tenho engolido toda e
qualquer informação que eu consiga obter sobre a Alergia à Proteína do Leite de
Vaca. A pediatra dos meninos me indicou um site
bem bacana e
fui acolhida em um grupo de mães APLV no Facebook (a elas, toda minha
admiração) que tem me salvado com as dúvidas mais pontuais.
E aí que, com toda essa pesquisa, descobri que a
incidência dessa é relativamente alta: 6% das crianças possuem APLV. E eu não fazia
ideia do impacto que essa condição causa na dinâmica social de uma família.
Como? Vem que eu te explico:
A APLV é uma doença de difícil diagnóstico. Os
sintomas podem, facilmente, ser confundidos com alguma virose ou até mesmo
intolerância – o que explica a confusão que as pessoas fazem entre APLV e
intolerância a Lactose. Já aproveito para explicar que são duas coisas
diferentes. A IL é causada por uma deficiência enzimática do organismo: o corpo
apresenta dificuldade em processar a Lactose (que é o açúcar do leite). A
reposição artificial da enzima ou a exclusão da dieta ajudam a diminuir o
desconforto digestivo causado por sua ingestão. Já a APLV é uma reação imunológica
do corpo. Em bebês, a imaturidade do sistema digestivo faz com que as proteínas
do leite sejam absorvidas, do intestino para o sangue, sem que tenham sido
digeridas adequadamente, desencadeando uma reação do organismo contra elas. E
as reações podem ser gastrointestinais, epiteliais e respiratórias. Nos casos
de sensibilização mais sérios, o menor contato com a substância pode levar à
anafilaxia com edema de glote – que, caso não seja revertido a tempo, pode
levar à morte. O negócio é sério, minha gente.
Por isso, tive de tirar todo e qualquer alimento
com leite e derivados da minha dieta. E, como a proteína não é como uma
bactéria (ferveu, morreu), tive de eliminar qualquer possibilidade de
contaminação da minha cozinha. Ou seja, me desfiz de todos os utensílios de
plástico ou silicone e lavei tudo o que havia de vidro e inox com sabão, água
quente e desinfetante. A pequena ainda consome o leitinho dela, mas com algumas restrições: Não pode mais tomar na sala – tem que ser na caminha dela – e, para não correr risco de uma contaminação cruzada na cozinha, montei uma “pia” no tanque da área – com detergente, esponja e escorredores exclusivos.
Além disso, antes de consumir qualquer alimento
industrializado, preciso me certificar de que ele não compartilhe o maquinário
com outro que contenha leite. Como é que eu sei disso? Preciso ficar ligando
para os SACs das empresas. Mais de uma vez, em dias alternados, até ter certeza
de que recebi a informação correta.
E isso é uma bosta, porque a indústria não é
obrigada a informar sobre a presença de alérgenos nas embalagens (algumas
empresas fazem, como a Nestlé).
O controle também se estende aos cosméticos –
perfumes, maquiagens, shampoos, sabonetes, fraldas, lencinhos umedecidos etc.
Tive de olhar o rótulo de TUDO para me certificar que eles não estejam
recebendo a proteína de outras maneiras.
E aí eu volto ao começo do meu texto. A APLV
mexeu com toda minha estrutura familiar. Precisamos ficar numa vigilância
constante. Não sairei para almoçar ou jantar em um restaurante tão cedo.
Visitar parentes significa levar uma mega marmita a tira colo para não correr o
risco de ingerir algo que vá prejudicar os pequenos.
Se você achar que estou exagerando, volte à
parte grifada, em negrito. Releia quantas vezes for necessário para entender os
riscos da APLV. Sempre que eu fico em dúvida, eu penso nisso e prefiro não arriscar.
Amigaaaaaaa! que barra!
ResponderExcluirEu sei que parece blablabla te dizer isso, mas eu conheço poucas mulheres corajosas como vc. E eu sei que vc vai conseguir de readaptar e dar um 'olé' nessa crise. FÉ. Sempre. Te amo!beijos!
Oh minha amiga, obrigada. É só na fe que eu tenho conseguido passar cada dia.
ExcluirA coisa boa é que eu vou ficar craque na cozinha! Rs
te amooooo
Zi, o ser humano ainda não aprendeu que não podemos "mamar na teta da vaca". O leite dela é só para os bezerrinhos, o nosso é só para os nosso filhotes e assim com todos os mamíferos. Muitas vezes é preciso vir seres especiais para nos dizer como devemos nos comportar aqui na Terra. Acho que seu caso é um deles. E, provavelmente, vocês foram escolhidos porque dão conta do recado e ainda vão conseguir passar essa lição adiante. Viva! Leve isso como uma experiência positiva. Obrigada pelas informações e muito amor pra você! beijo
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